terça-feira, 29 de setembro de 2009

Aí meus ouvidos


Tudo parecia tranqüilo. Acordei no horário, não briguei com meu irmão por conta do banheiro, pois ele insiste em usá-lo bem na hora que eu acordo. Não peguei ônibus lotado para ir trabalhar, tirei minha soneca numa boa encostada no vidro e cheguei sem atraso. Tudo estava uma maravilha.


No serviço, tudo caminhava muito bem. Fechei um bom pedido que negociei a semana toda, no meu horário de almoço fiz alguns trabalhos da faculdade, conversei, dei risada. Ótimo. Um sol maravilhoso a brilhar lá fora, e a única coisa que faltava era o expediente terminar para que eu pudesse contemplar o lindo dia do outro lado das paredes que me isolava. Mas infelizmente São Pedro não estava contente neste dia.

Por volta das 15h tudo mudou. Fiz uma ligação para um fornecedor e, quando desliguei, um trovão me avisou que coisa boa não viria. Em poucos minutos, a cidade de São Paulo entrou em estado de alerta. As árvores de um prédio em frente, franzidas, quase um graveto, pareciam que iam voar. Eis o fim do meu lindo dia.

Ainda pensei que fosse rápido, que por volta das 17h30 tudo estaria resolvido. Quebrei a "cara". No final do dia, parecia mais um dilúvio. Só faltou a "Arca de Noé" e os bichinhos a entrar para no final de tudo, restar os que subiram para continuar a vida na terra.

Entrei em desespero. Não havia levado blusa e muito menos guarda-chuva. Ao sair, consegui caminhar até a rua paralela do meu serviço, no qual fiquei ilhada por 20 minutos. Que ódio. E pensar que aquilo não era nem o terço do que viria mais à frente, pois ao chegar no ponto da rua próxima de onde eu estava, no qual tomaria o ônibus USP para ir a faculdade, havia estudantes a espera da mesma condução há meia hora. Quase desisti. A única coisa que me fez ficar foi à disciplina de jornalismo online das duas últimas aulas.

Longa e agonizante espera. Não havia ninguém para conversar, e isso me incomodava. Além disso, tive que agüentar em 1h30 de espera o bendito hino do Palmeiras, que um torcedor, morador de uma casa em frente ao ponto, repetia inúmeras vezes. Não tenho nada contra o time, mas eu já estava irritada e com a letra do hino na ponta da língua. Cadê meu MP5 nessas horas para ouvir o Iron Maiden.

Resolvi ir embora e fui a pé até o terminal de ônibus. Quando cheguei a vontade era de chorar, pois estava exausta, molhada por conta da chuva e com o hino na minha cabeça. Saco. Depois de inúmeros palavrões, avistei o USP que estacionava lentamente, despreocupado, e com uma fila razoável de estudantes que o esperavam.

Já que havia esperado aquele tempo todo, resolvi pegá-lo. Na faculdade, perdi um filme na aula de fotojornalismo. Que raiva. Sem contar a fome que me abatia, no qual tive que comprar um sanduíche no Mc Donald's, senão desmaiava. Ufa! Enfim a última aula. Saí correndo quando terminou e, ao chegar em casa, "capotei" de tanto sono. Nossa, o dia que prometia ser maravilhoso se transformou num verdadeiro inferno. Pelo menos o desfecho do dia foi bom, porque na hora de dormir eu tive sossego e sem hinos para cantarolar.

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Eles ainda estão na área

Mesmo na beira da extinção, alguns profissionais lutam por um espaço no mercado

“Com que roupa eu vou? Pro samba que você me convidou (...)”. Quem nunca ficou na dúvida no que vestir na hora de sair? Pois é, o trecho da música do Noel Rosa ilustra muito bem o dilema no qual as pessoas passam. Chega o fim de semana, e o desejo é descontrair, além da preferência de um visual diferente para estes dias. Mas montar o guarda-roupa indo a lojas ou pedir para fazer de acordo com o próprio gosto e tamanho? Se for a segunda opção, a tarefa fica para o alfaiate, profissional quase extinto, mas ainda procurado quando o assunto é conforto e qualidade.

Assim é o trabalho de Rodolfo Baptista Figueiredo, 79 anos, e de seu irmão Edson, 72 anos, nascidos em Rancharia, no interior de São Paulo, e que trabalham neste ramo no bairro da Vila Romana em São Paulo. Os dois começaram ainda novos, pois achavam a área fascinante, e de tanto pararem em frente a uma alfaiataria quando voltavam da escola, um dos alfaiates do local perguntou se queriam aprender, após este dia e de uma conversa com seus pais, os irmãos passaram a ser ajudantes.

Desde os primórdios, a começar pelo Egito, Grécia e Roma a profissão já existia, sendo considerada uma das mais antigas do mundo. Na década de 50 funcionavam muitas alfaiatarias, principalmente em São Carlos, conhecida como a “cidade dos alfaiates”. “O problema da falta de profissionais hoje é a lei. Antes se pegava um garoto novo, pois não existe escola que ensine a prática, e agora não pode”, explica Rodolfo. Hoje, para se achar este tipo de profissional é preciso procurar muito, pois muitos desistiram devido à idade avançada, e os que ainda trabalham, estão na faixa dos 60 anos sem alguém para dar continuidade na atividade.

Para o exercício da profissão não é necessária uma formação, basta apenas a prática. Além disso, uma boa visão, habilidade manual, interesse por moda, senso estético e atenção a detalhes é essencial. Também é preciso saber usar máquinas de costuras e de acabamento, conhecimento de desenho e informática para aqueles que optarem pela indústria, mas são qualificações adquiridas por opção através de cursos.

Foi também sentado ao lado de uma pessoa, que José Apariciu Alves, 70 anos, começou a trabalhar numa sapataria na mesma cidade. Na época tinha 12 anos, e seus pais o achavam “rueiro”, termo empregado porque nas horas vaga ficava na rua, então resolveram colocá-lo como ajudante de seu tio que era sapateiro. Veio para São Paulo em 1959 e em 1975 montou o seu negócio, totalizando 58 anos de profissão.

Essa é outra área na qual houve queda no número de profissionais. Um dos fatores é o aparecimento das grandes indústrias que investem na beleza do produto em grande produção, mas deixam a qualidade e durabilidade a desejar, além do custo e a forma de pagamento oferecido pelos comércios. Sapatos baratos e de baixa qualidade fazem o consumidor descartar o velho e comprar outro, por isso os sapateiros buscam se aperfeiçoar para acompanhar as mudanças, como novas técnicas e colas para os consertos. “Não há tanta produção no meu trabalho, e sim qualidade”, afirma José.

Sobreviver com a modernização

Muitas outras áreas entraram em extinção devido ao avanço tecnológico, que muitas vezes fazem surgir novos segmentos, como mostra o documentário "O fim do sem fim", dos diretores Lucas Bambozzi, Beto Magalhães e Cao Guimarães lançado em 2001. Além dos sapateiros e alfaiates, outro ramo, também antigo, diminui ao longo dos anos: o barbeiro.

O ofício já era habitual entre os homens na Grécia antiga, e estes profissionais chegaram a fazer até pequenas cirurgias no século XVII, por exemplo extração de dentes. Antes, o foco maior era o homem, e se utilizava apenas pente, tesoura e navalha, no qual houve mudanças. Com a tecnologia, as navalhas que antes eram afiadas, agora possuem giletes descartáveis, e as máquinas manuais para cortarem os cabelos, hoje são elétricas.

Este é o trabalho de Abílio Gonçalves, 80 anos, sendo 65 só de ofício, pois começou cedo, aos 9 anos no bairro do Ipiranga. É num ambiente simples, com móveis antigos, um rádio de válvulas que esquenta marmita e uma máquina registradora de 100 anos, que ele atende sua antiga clientela, os de passagem ou jovens que não acertam na hora de se barbearem.

Para ele o número de profissionais caiu por conta do surgimento de cabeleireiros que atendem tanto homens quanto mulheres. “A tendência é cair mesmo! Cabeleireiro dá mais dinheiro”, afirma Abílio que perdeu 2 funcionários por conta do novo segmento.

Seja qual for a área, a modernização é inevitável e cada vez mais a procura será de serviços rápidos, simples e de custo baixo, mas enquanto houver a busca, mesmo que de uma minoria, por roupas, sapatos e uma barba de qualidade, haverá sempre um bom profissional a disposição.


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Fernando Pessoa, poema de Alberto Caeiro

Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade.

Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada,
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos,
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.

Alberto Caeiro, 1-10-1917

Alma

Oh, tristeza que me abate! Fico pelos cantos a contemplar o nada, sinto o vazio que me sucumbe à alma, e me leva ao fundo do poço. Quantas indagações não respondidas, tantas feridas abertas, a viver num mundo de crueldades e injustiças.

Ah, tempos bons que não voltam mais. Quando criança brincava na rua, sem problemas, responsabilidades, apenas a boneca para pentear e vestir. Oh, tristeza que me leva, meu coração sem saber o fim, espera. Até que bons momentos voltem.



quinta-feira, 17 de setembro de 2009

" O lúdico está aí para dar suporte ao que eu falo"

Mágico, esta palavra sempre nos faz lembrar de circo, palavras encantadas, coelho saindo de cartola, enfim uma profissão que encanta milhares de pessoas há muitos anos. Profissionais desta área são comuns em espetáculos, festas, mas nas palestras corporativas é algo bem diferente. Assim é o trabalho de Rafael Baltresca, 29 anos, que se tornou mágico profissional em 2001, foi campeão na categoria de invenção e aperfeiçoamento tornando-se o ilusionista mais criativo da atualidade, dono e palestrante da empresa Aula Show que utiliza a mágica para promover treinamentos a empresas.

Além disso, Rafael é formado em Engenharia Eletrônica e especializado em Programação Neurolinguística, Psicodinâmica em Negócios, Empreendorismo aplicado e também professor de cursinho universitário para os alunos de Engenharia. Foi a partir da sua profissão de engenheiro que ele começou a trilhar sua carreira de mágico, e nesta entrevista ele revela detalhes de seu trabalho e de que forma ele une as duas profissões.

Camila Dantas - Quando você começou a se interessar e fazer mágica?
Rafael Baltresca - Acho que quando eu era pequeno, uns 3 ou 4 anos e eu já ficava fascinado. Comecei a estudar no ano de 2001 quando eu soube de uma reunião de mágicos através de um e-mail, então decidi ir para ver o que aconteceria. Como eu gostava de mais, desde moleque, comecei a freqüentar este grupo.

Camila - Então não há nenhuma influência da família, alguém que era mágico em que você tenha se espelhado?
Rafael – É não tem explicação. Depois de uns 6 ou 7 anos de profissão eu fui descobrir que o tio do meu avô era mágico de navios. E agora vem a pergunta: Isso já estava no sangue ou foi uma coincidência? Não dá para saber.

Camila - Quando você começou a trabalhar com mágica profissionalmente?
Rafael - Eu divido o amadorismo do profissional quando a pessoa começa a fazer algo com uma pretensão financeira. Comigo foi uma transição porque eu sou engenheiro e na época eu tinha uma empresa de informática, e aos poucos a mágica começou a entrar. Uma pessoa começou a pedir um show aqui, outra ali e quando eu fui ver a metade da minha semana era só apresentação.

Camila - Quais são as suas referências no mundo da mágica?
Rafael - Bom, provavelmente você não conheça, pois são do exterior. Há muita gente como Lance Burton, David Copperfield e Lennart Green. O Copperfield é bom no sentido cênico e tem uma equipe boa. Há também o David Blaine que em 2001 começou a praticar o ilusionismo nas ruas.

Camila - Qual é a sua opinião sobre o mágico Mister M?
Rafael - Esse mágico é um exemplo de profissional que vende sua ética, sua moral e seus valores por dinheiro. Há isso em todas as profissões, mas nesta área é mais delicado porque o interessante é o mistério. Eu poderia lhe contar um truque, ninguém irá me prender, mas existe um código de ética muito bem definido de que a mágica é feita para encantar e ponto final. Todos os dias, inúmeros mágicos em todo o Brasil recebem propostas do meio televisivo para revelar um segredo, pois o público tem esta curiosidade, mas como já disse há uma ética e nós dizemos não. Uma rede lá dos Estados Unidos foi que chamou o Mister M para fazer uma temporada com um cachê milionário, então ele se vendeu e colocou uma máscara para não ser reconhecido. Depois de um tempo descobriram que o nome dele é Val Valentino, um profissional mal sucedido. Há apresentações com erros em coisas simples que se aprendem no começo da carreira. Percebe-se, então, que ele é ruim.

Camila - Como e porque utilizar a mágica nas palestras? De que forma ela auxilia?
Rafael - O cérebro só aprende de duas formas: por repetição ou por emoção. O seu telefone, a rua onde você mora de tanto repetir se aprende, mas esta não é tão eficaz. Onde você estava no dia 11 de setembro? Aposto que sabe. Você lembra porque a emoção ativa algumas áreas do cérebro e faz com que se retenha a informação com mais precisão. A mágica transforma um encontro formal em algo descontraído e de forma fácil e mecânica, eu consigo fabricar essas emoções. No Aula Show, eu uso o lúdico para passar uma informação com um técnico bom, para não ser uma palestra motivacional que fala um monte de coisas e nada se aprende.

Camila - Qual é o diferencial que o “Aula Show” possui em relação a outras empresas de palestras corporativas?
Rafael - O primeiro é a mágica. O segundo eu não sei se posso tratar como diferencial, mas é a seriedade com que eu trato tudo isso. O engenheiro possui tudo numa fórmula e a minha palestra também. Tudo que falo deve ter começo, meio e fim, assim como ter um resultado oferecendo ferramentas para as pessoas praticarem no seu dia a dia.

Camila - Você possui alguma equipe para realizar este trabalho?
Rafael - A equipe é formada por 15 pessoas. Eu sou o faxineiro, o telefonista, contas a pagar, faço tudo. Brincadeira. Na empresa sou eu e minha secretária, mas existem alguns colegas do mundo da mágica que quando precisamos nos dão suporte.

Camila - Você foi considerado um dos mágicos mais criativos da atualidade este ano. Por quê?
Rafael - Faz tempo que eu tenho treinado para participar do segundo maior congresso de mágicos do mundo chamado Flasoma (Federação Latino Americana e Sociedades Mágicas), no qual o Brasil, Uruguai, Argentina e México fazem parte. Então pensei em usar algo que criei, pois ninguém ia rir e nem falar. Fui com uma expectativa enorme e não estava nervoso porque não tinha o que dar errado, eu fazia isso há um bom tempo. E deu certo, ganhei o 1° lugar na categoria Invenção e Aperfeiçoamento. Ganhar nesta área é muito complicado porque você é obrigado a mostrar algo novo, diferente. Foi ótimo, surgiram até convites para outros congressos em Portugal e Colômbia que serão realizados no mês de setembro deste ano.

Camila - O que te levou a criar mágica?
Rafael - O Brasil infelizmente não possui muito histórico em criação. Parecia-me ser legal inventar, então fiz uma coisa aqui e outra ali, como uma técnica com canetas e lancei um vídeo. Este DVD foi para os Estados Unidos, Argentina e França e vendeu mais de 800 cópias. Comecei a criar e fui chamado para convenções de mágicas e entrevistas. Já visitei a Argentina e o Peru duas vezes, o Brasil todo e irei a Portugal e a Colômbia em setembro. Quando fazemos algo novo e mostramos que podemos ser diferentes, nós somos relembrados.

Camila - Você além de administrar e promover palestras e shows, da aula. Como é este trabalho?
Rafael - Faz 10 anos que dou aula de reforço para uma escola de engenharia chamada Mauá em São Caetano. Comecei no ano de 1999 e estou até hoje. Estas aulas acontecem em épocas de provas e sou chamado para dar de 4 a 5 aulas. Lá eu falo de engenharia com mágica também.

Camila - Como anda o mercado de trabalho para mágicos no Brasil?
Rafael - Bom, nós passamos por uns meses de crise não só na nossa área como em todos os outros mercados. O brasileiro ficou um pouco receoso de investir num treinamento ou em um show. Ficamos, então, para trás, mas graças a Deus o mercado está aquecendo novamente. A mágica no Brasil ainda é vista de forma preconceituosa, pois quando se fala em mágico muitos já pensam em festa de aniversário infantil. Eu mesmo não faço mágicas para criança. Há várias áreas de atuação para o profissional como a corporativa, adulto e infantil e o mercado de palestras está crescendo, mas é delicado porque tem que ter conteúdo, ser dinâmico, algo novo. A pessoa deve sair do local com uma carga maior de conhecimento para a sua vida, não simplesmente para se divertir. A minha preocupação é com a informação e o lúdico está aí para dar suporte ao que falo.

Camila - Há vários estilos de se fazer mágica. Qual é o seu?
Rafael - Meu estilo é a cômica. Eu não gosto de fazer mágicas muito sérias que as pessoas ficam até com medo. Gosto muito quando da algo errado no show porque o mágico cômico tem este privilégio, pois se tudo der errado, melhor para ele.

Camila - O que você indica para pessoas que querem entrar no mundo da mágica?
Rafael - Há poucos livros em português, tem muito mais DVD. Eu mesmo tenho 7 lançados para iniciantes que fazem parte da coleção Aprenda Mágicas Alucinantes. Dá para aprender bastante, mas há de ter muita paciência e tempo porque requer um nível exaustivo de treino. Deve-se buscar ajuda de um profissional, ir a congressos e fazer alguns cursos, nós até iremos lançar um daqui a alguns meses.

Navegar para entender

Uma nova forma de conhecer e discutir política

“Tramitação no projeto pelas comissões de mérito*”. “Aprovado em primeira**”. Quem é que nunca ouviu ou leu estas frases e ficou sem entender o que querem dizer? É normal para quem não é do meio político e não acompanha com tanta freqüência e interesse, até porque essas e outras frases estão diariamente nas páginas de jornais e nas outras mídias e que às vezes não oferecem o significado a quem lê ou ouve. Surge então uma ferramenta para a difusão de informações, com uma linguagem simples e muita interatividade chamada blog, para tratar deste assunto que é complexo para muitos.

O weblog ou blog foi criado em 1997 pelo norte americano Jorn Barger e vem atraindo as pessoas para terem ou acompanharem este mundo virtual. “Eu precisava de um lugar para desabafar e não para influenciar alguém. Eu queria escrever sobre o que me incomodava. Muitas vezes a reação a uma notícia de jornal imprecisa e desonesta”, explica a subprefeita da Lapa, Soninha Francine que criou o seu há 4 anos e possuí um novo desde janeiro deste ano com o objetivo de pautar determinadas decisões de líderes políticos entre outros assuntos envolvendo o tema.

Hoje existem milhares de blogueiros que falam sobre o assunto, estes de jornalistas como Ricardo Noblat que é considerado um dos principais e que recebe em média a visita de 20 mil usuários por dia, o de Josias de Souza que tem grande visibilidade e o de Fernando Rodrigues. Há os de políticos como, por exemplo, José Dirceu e a própria Soninha, além de pessoas comuns que visam debater o tema. Os leitores são bem diversificados como aqueles que também possuem um blog, servidores públicos, estudantes universitários e militantes partidários ou simpatizantes de partidos.

Estas páginas vêm aos poucos influindo no processo político e na vida dos cidadãos. Os posts que são os textos lançados no blog podem chegar, por exemplo, a provocar mudanças importantes de rumos de determinados candidatos em uma campanha eleitoral, permitir que os leitores conheçam mais o cenário e os que fazem parte dele através de visões bem diversificadas.

Informação rápida e precisa
A busca de informação é cada vez maior na internet até porque ela permite e necessita de atualizações constantemente. “Logo cedo faço a leitura dos principais jornais do país e publico as primeiras notícias. A partir do meio dia, telefono para fontes de informação em busca de algo novo”, comenta César Rocha, jornalista em Pernambuco e que também possuí uma página. Assim faz Soninha que busca ler outros sites, revistas e jornais para “alimentar” o seu blog. Nesse espaço além de um texto amplo e plural, se utiliza charges e vídeos, com o intuito de diversificar a maneira de abordar o tema até mesmo para atrair o leitor.

O mundo virtual oferece um conteúdo rico e visões diferenciadas para o mesmo assunto. Muitos preferem seguir os que são feitos por políticos e outros por jornalistas. “Políticos usam blogs para fazer propaganda deles mesmo, mas têm dificuldades muito grandes em mantê-los. Não têm tempo ou paciência para interagir com os leitores”, diz Noblat. Já César acha importante que o cidadão tenha acesso a diferentes páginas e que cabe ao leitor fazer a seleção do que acredita ser confiável e sério.

É com este diário on-line que os blogueiros trabalham para fazer com que a população se interesse mais sobre a política. De uma forma leve e diferenciada tratar de um assunto com tantos jargões e códigos muitas vezes indecifráveis se não houver uma bagagem de conhecimento, e que abre um espaço para aqueles que leiam opinem também.
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* É o nome que se dá ao caminho que um projeto de lei faz, desde a hora em que é apresentado até a votação em plenário. As comissões de mérito são as comissões que avaliam o projeto.
* * Aprovada na primeira vez que é levada ao plenário para votação.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sinto

Algo me perturba e tira minha concentração. Enquanto trabalho, busco uma forma de esmiuçar o que sinto, mas é difícil. Meus dedos correm pelo teclado, mas as palavras fogem, escapam sem rumo. Acho que estão iguais a mim.

Perco-me muitas vezes. Tento encontrar-me, mas muitas das tentativas são inúteis. Ainda lembro do que foi dito naquela manhã, e as palavras, mesmo que lembradas, ainda me ferem. Sei que é passado, mas meu coração ainda me faz lembrar.

A vontade é de pegar um carro e sair sem rumo. Poder contemplar o pôr do sol e buscar nele respostas para as minhas indagações. Sentir o vento em meu rosto, ouvir o som dos pássaros e o balançar das árvores, perceber que ainda há horas boas e coisas lindas a se ver.

Ainda estou no trabalho e sei que não posso ir tão longe. Desespero. Pauso para um café que me faz acordar e a enxergar o meu redor com mais nitidez. O sentimento ainda me persegue e se mistura com outros. Não sei explicar, mas não posso esperar, tenho que agir.

Enquanto busco soluções, só posso dizer que ainda dói!